Castelo de Mértola

Freguesia de Mértola

Castelo de Mértola
Distrito Beja
Concelho Mértola
Freguesia Mértola
Área 1 292,87 km²
Habitantes 7 274 (2011)
Densidade 5,6 hab./km²
Gentílico Mertolense, Mertolengo
Construção (930 - 1031)
Reinado ( )
Estilo Românico e Gótico
Conservação ( )

As escavações arqueológicas iniciadas em finais da década de 70, das quais resultaram a descoberta de vestígios que remontam ao Neolítico, e as informações recolhidas no início do século pelo arqueólogo Estácio da Veiga, provam que a vila de Mértola é bem mais antiga do que as fontes escritas testemunhavam. Edifícios de grande monumentalidade permitem que qualquer visitante identifique a presença dos romanos em Mértola e na Mina de S. Domingos. Apesar da concentração de vestígios na vila de Mértola (Criptopórtico, Torre Couraça, casa romana e vias romanas), podem também encontrar-se vestígios de menor dimensão em todo o concelho.

Denominada Mírtilis Júlia (em latim: Myrtilis/Mirtylis Iulia) após a invasão romana da Península Ibérica, seguiu-se-lhe a ocupação pelos visigodos. Após a invasão muçulmana da Península Ibérica, passou a ser denominada Martulá (Mārtulah).

Constituía-se num importante porto fluvial, erguendo o seu castelo em posição dominante sobre aquele trecho do rio Guadiana. A sua importância era tal que, durante um curto período do século XI, foi capital de um pequeno emirado islâmico independente, a Taifa de Mértola.

Na época da Reconquista Cristã da Península Ibérica, só veio a ser conquistada no reinado de Sancho II de Portugal, por forças ao comando do comendador da Ordem de Santiago, Paio Peres Correia, em 1238. Com a adoção do catolicismo pelos romanos, os cidadãos de Mértola acompanharam os sinais de mudança, facto testemunhado pelos vestígios arqueológicos representativos de locais de culto e enterro na cidade, tais como as basílicas Paleocristãs do Rossio do Carmo e da Alcáçova, onde se observa um batistério octogonal.

Antecedentes

Brasão de Mértola

Ocupada desde tempos pré-históricos, esta região constitui-se em importante entreposto comercial frequentado por Fenícios e Cartagineses, graças à existência de vias fluvial e terrestre ligando-a ao Sul da Península. Diante da Invasão romana da Península Ibérica, manteve-se essa importância comercial. A primeira referência histórica a esta povoação encontra-se na Crónica dos Suevos, do bispo Idácio, narrando um episódio datado de 440, de cuja leitura se pode inferir a existência de uma fortificação no local, então denominada Myrtilis Julia.

Ocupada sucessivamente por Suevos e Visigodos, a partir do século VIII conheceu a dominação Muçulmana, responsável pela remodelação das defesas deste próspero povoado. As referências a esta nova estrutura defensiva surgem no final do século IX, sendo certo que entre 930 e 1031, o castelo foi consolidado, tornado-se um dos mais sólidos da região. Com a queda do Califado de Córdoba (1031), Mértola tornou-se um reino independente - a Taifa de Mértola -, rapidamente retomado por Almutâmide, da Taifa de Sevilha. Um século mais tarde, entre 1144 e 1151, tornou-se novamente independente (2ª Taifa de Mértola), sendo provável terem sido erguidas nova obras defensivas durante o governo de ibne Cassi (1144-1151). É certo que, em 1171, já sob o domínio do Califado Almóada, a fortificação foi ampliada com uma torre e, em 1184, com o torreão integrante do portão de entrada.

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

À época da Reconquista cristão da Península Ibérica, as forças de D. Sancho II (1223-1248) investem para o Sul, acompanhando ambas as margens do rio Guadiana, vindo a conquistar Mértola (na margem direita) e Ayamonte (na esquerda) (1238). A primeira foi doada à Ordem de Santiago, na pessoa de seu Grão-Mestre, D. Paio Peres Correia (1239). A Ordem, que já tinha sob sua responsabilidade a defesa de outras praças ao sul do país (Alcácer do Sal, Aljustrel, e outras), fez de Mértola a sua sede (Capítulo) em Portugal, posteriormente transferida para o Castelo de Palmela. Em 1254 a povoação recebeu Carta de Foral, alçada à condição de vila. Data deste período a construção da torre de menagem, cujas obras foram concluídas em 1292 sob a direção do mestre João Fernandes. Esta torre, bem como a alcáçova, foram a residência do alcaide-mor até ao século XVI, época em que a estrutura foi progressivamente abandonada.

Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), reedificou-se a primitiva defesa, iniciando-se a muralha da vila, obras continuadas pelos seus sucessores, D. Afonso IV (1325-1357), D. Pedro I (1357-1367) e D. Fernando (1367-1383).

Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). A vila recebeu o Foral Novo do soberano em 1512, quando a sua defesa foi objeto de novos melhoramentos.

Do século XVI ao XIX: abandono e decadênciaseta_baixoseta_cima

Em que pese a importância de sua posição, estratégica no sul de Portugal, a povoação de Mértola e o seu castelo perderam importância a partir dos Descobrimentos portugueses. O declínio que conheceu a partir de então, refletiu-se na conservação de suas muralhas, de tal modo que, em 1758, acusava ruína e não dispunha sequer de guarnição militar.

A revitalização

Entre o século XIX e o século XX, a economia de Mértola dependia da exploração das minas de São Domingos, um grande centro de extração de pirita cúprica. Em meados do século XX, as ruínas do antigo castelo foram classificadas como Monumento Nacional, tendo sido procedidas obras de reparação. Em razão da implantação de um projeto de revitalização, Mértola na atualidade é considerada uma vila-museu com diferentes áreas de intervenção e investigação, organizadas em três núcleos, em exposição na Torre de menagem do castelo: o Núcleo Romano, o Núcleo Visigótico, que inclui uma basílica cristã, e o Núcleo Islâmico, onde se pode ver uma das melhores coleções portuguesas de arte islâmica (cerâmica, numismática e joalharia).

Característicasseta_cima

Do perímetro defensivo medieval, com uma área de aproximadamente 2.000 m², nos estilos românico e gótico, subsistem:

  1. - trechos das muralhas exteriores que circundavam a vila, alongando-se até ao rio, reforçadas por cubelos (perímetro externo);
  2. - o castelo (perímetro interno), com duas torres, destacando-se a de menagem.

Um torreão semi-cilindríco defende e integra o conjunto do portal de entrada do castelo. Através dele, ultrapassando-se um arco, obtém-se acesso a um corredor em cotovelo que comunica com a praça de armas. Ao centro desta, abre-se a cisterna, coberta por abóbada de berço.

A torre de menagem, de planta quadrangular, apresenta embasamento maciço e ergue-se a cerca de trinta metros de altura, coroada por ameias. O acesso ao seu interior é feito por uma porta em arco ogival, para uma ampla e alta sala, coberta por abóbada em cruzaria ogival. Atualmente, nesta sala conserva-se um valioso espólio de pedras lavradas das épocas romana, visigótica, islâmica e portuguesa até ao século XVIII.

Acontecimentos da época


827 - Início da conquista da Sicília pelos Sarracenos.

833 - Aparição de Nossa Senhora da Abadia, também conhecida por Nossa Senhora do Bouro.

- Luís I, o Piedoso , julgado, condenado e deposto pelos filhos.

839 - Expedição de Afonso II das Astúrias à região de Viseu.

842 - Início do Reinado de Ramiro I das Astúrias que alarga o reino asturiano a Navarra.

- Juramento de Estrasburgo: primeiro texto em francês e em alemão.

844 - Os Normados atacam a Península Ibérica com incursões a Lisboa, Beja e Algarve.

845 - Cerco de Paris pelos normandos.

- Destruição de Hamburgo pelos dinamarqueses.

- Início das perseguições ao budismo na China.

905 - O astrônomo persa Azofi descobre a Galáxia de Andrômeda.

910 - Partilha do Reino das Astúrias entre os filhos de Afonso III de Leão, Garcia I de Leão, Fruela II das Astúrias e Ordonho II da Galiza. Este último tem o apoio dos condes portucalenses.

913 - Expedição militar do rei Ordonho II da Galiza a Évora em que consegue conquistar esta cidade aos Mouros.

925 - O rei Ramiro II de Leão torna-se vassalo do Reino da Galiza.

- O rei Ramiro II estabelece residência em Viseu.

927 - Após um longo processo de anexações, os vários pequenos reinos dentro do que está agora a Inglaterra são unificadas pelo rei Etelstano, criando o Reino da Inglaterra.

928 - Gonçalo Moniz recebe o título de Conde de Coimbra.

930 - Fundação do parlamento da Islândia, o primeiro da história.