Castelo de Amieira

Freguesia de Amieira

Castelo de Amieira
Distrito Portalegre
Concelho Amieira
Freguesia Nisa
Área 102,44 km²
Habitantes 241 (2011)
Densidade 0,4 hab./km²
Gentílico Nisense
Construção 1350
Reinado D. Afonso IV
Estilo Gótico
Conservação ( )

Em 1199 D. Sancho I doa a Herdade da Açafa à Ordem do Templo, este território era delimitado, de modo muito sumário a norte pelo Rio Tejo e a sul detinha parte do território dos actuais concelhos de Nisa, Castelo de Vide e parte do território espanhol junto á actual fronteira. Estas doações tinham como objectivo fixar moradores em zonas ermas e despovoadas e consequentemente defender o território. Os Templários edificaram uma fortaleza que os defendesse dos infiéis e sinalizava a posse desses territórios. Ao mesmo tempo o monarca anuncia a vinda de colonos franceses, que chegaram de forma faseada, sendo o último grupo destinado ao povoamento do território da Açafa.

Instalaram-se junto das fortalezas construídas pelos monges guerreiros e aí ergueram habitações, fundaram aglomerados populacionais a que deram o nome das suas terras de origem. É neste sentido que surge possivelmente o de Nisa, ou seja sendo os primeiros habitantes oriundos de Nice, ergueram aqui a sua “ Nova Nice” ou melhor dizendo, a Nisa a Nova, que encontramos nos documentos, e quando surge o termo Nisa a Velha, este refere-se á sua antiga terra de origem, a Nice francesa.

Assim terão nascido Arêz (de Arles), Montalvão (de Montauban), Tolosa (de Toulouse), cidades do Sul de França.

O primeiro Foral foi dado à Vila de Nisa entre 1229 e 1232, pelo Mestre Dom Frei Estêvão de Belmonte.

Em 1512 D. Manuel I atribuiu novo Foral à Vila, aparecendo a palavra Nisa escrita com dois “ss “, ou seja Nissa, provavelmente sob a influência da palavra Nice.

Em 1343, D Afonso IV estava em guerra aberta com o seu genro, Afonso XI de Castela, o que colocava em risco toda esta zona fronteiriça, daí o Mestre da Ordem ter solicitado ao Rei a construção de uma muralha para protecção da população, pedido este que foi aceite.

Antecedentes

Brasão de Nisa

O castelo da Amieira explica-se nesta conjuntura renovadora do papel e da acção da Ordem. Três anos depois, D. Pedro I visitou a fortaleza, cujas obras deviam estar já bastante adiantadas, apesar de só terem sido formalmente concluídas em 1362. O próprio Álvaro Gonçalves Pereira manifestou grande cuidado na construção e evolução deste castelo, aqui falecendo em 1375.

De acordo com os estudos de Mário Barroca, que aqui seguimos, o castelo da Amieira é o protótipo de castelo gótico português (IDEM, p.206). Localizado a uma cota relativamente baixa, sinal de que a evolução da arquitectura militar tornava as construções independentes das condicionantes topográficas, apresenta uma planta regular rectangular, cintada por quatro torres nos ângulos.

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

No contexto das lutas pela Reconquista cristã da Península Ibérica e da formação do reino de Portugal, o rei D. Sancho II (1223-1248) fez uma expressiva doação de terras à Ordem de São João do Hospital de Jerusalém, incluindo as vilas de Amieira, Belver (Gavião) e Crato (1232).

Das três, a última a ser fortificada foi a de Amieira, cerca de um século mais tarde, sob o reinado de Afonso IV de Portugal (1325-1357). A edificação do castelo é atribuída ao prior D. Frei Álvaro Gonçalves Pereira, filho bastardo do Prior da Ordem do Hospital em Portugal, bispo D. Gonçalo Pereira, e pai do futuro Condestável, D. Nuno Álvares Pereira. Algumas obras devem ter sido orientadas por um outro filho, D. Pedro Pereira, e não se encontravam concluídas em 1359 conforme se depreende de uma carta régia enviada nesse ano a D. Álvaro, tendo sido concluídas em 1362.

Durante a Crise de 1383-1385, o então Prior do Hospital, D. Pedro Pereira, no início de 1384 reconheceu a autoridade de D. Beatriz, filha de D. Fernando, e, como tal, herdeira legítima do trono português. O Castelo da Amieira, juntamente com outros da Ordem, prestou obediência à Rainha, situação modificada poucos meses mais tarde, por influência do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, irmão do Prior, tendo este partido para Castela.

O único episódio militar em que o castelo esteve envolvido ocorreu em 1440. Tendo D. Leonor, princesa de Aragão, se desentendido com o infante D. Pedro, retirou-se, com a cumplicidade do prior, D. Nuno de Góis, para o Crato, tendo invocado em seu auxílio as forças de Castela, que cercaram a Amieira. Diante dessa insubordinação, D. Pedro determinou a ocupação dos castelos do priorado do Hospital nessa região fronteiriça, ordenando a D. Álvaro Vaz de Almada (conde de Abranches), acometer o Castelo da Amieira. Sem oferecer resistência os castelos renderam-se, o prior do Crato e D. Leonor puseram-se em fuga para Castela e a paz foi restabelecida. O Castelo da Amieira passou para as mãos de Pedro Rodrigues de Castro como alcaide ao final do conflito.

Nos séculos seguintes, foram procedidas pequenas obras de modernização sob o reinado de D. João II (1481-1495) e de D. Manuel I (1495-1521), fase em que teria servido como prisão. Data do século XVI a construção de uma capela, sob a invocação de São João Batista (1556).

Do século XVII aos nossos diasseta_baixoseta_cima

À época da guerra da Restauração da Independência foram erguidas edificações residenciais no interior do recinto do castelo que, abaladas pelo terramoto de 1755, já se encontravam em ruínas em 1747, segundo relato coevo do padre Luís Cardoso. Nessa época tentou-se a recuperação parcial da Torre de Menagem.

Em meados do século XIX, possívelmente em virtude do decreto que proibiu os enterramentos dentro do recinto das igrejas em Portugal (1846), a praça de armas do castelo passou a ser utilizada como cemitério pela população da vila.

Já no século XX, na década de 1920, as dependências do castelo passaram para a responsabilidade do Ministério da Guerra, com quem a Junta de Freguesia celebrou um contrato de arrendamento que lhe permitiu usufruir do monumento. Classificado como Monumento Nacional pelo Decreto n° 8.447, publicado em 10 de Novembro de 1922, na década de 1940 foi objeto de intervenção de consolidação e restauro pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), mantendo-se em boas de condições de conservação até aos nossos dias.

Característicasseta_baixoseta_cima

De pequenas dimensões, com planta no formato retangular, é considerado um modelo de castelo português no estilo gótico.

As muralhas, ameadas, são reforçadas nos ângulos por quatro sólidas torres e pela Torre de Menagem, de maiores proporções, com planta quadrangular, defendendo a porta da barbacã. Esta torre possui janelas, sendo uma geminada e outra com arco pontiagudo e moldura de toros. No interior, abre-se a praça de armas. No exterior, o conjunto é completado por fosso (hoje aterrado) e uma sólida barbacã de planta quadrangular, de muros ameados.

Fora dos muros, mas adossada a uma das torres, ergue-se a Capela de São João Baptista com portão em arco de volta perfeita com aduelas almofadadas. No interior, apresenta abóbada de caixotões decorada com grotescos e uma imagem do padroeiro, além de um retábulo tardo-renascentista.

Acontecimentos da época

1323 - D. Dinis confronta-se com D. Afonso IV no que se passou a designar como Batalha de Alvalade, que seria interrompida antes do seu início pela Rainha Santa Isabel

1336 - 6 de Fevereiro - Casamento por procuração do herdeiro do trono português D. Pedro, o Justiceiro, com Constança Manuel.

1337 - A Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o trono francês esteve carente de um herdeiro direto.

1344 - Lisboa e grande parte do resto de Portugal é atingida por um terramoto de grande intensidade, de que existem referências escritas da época a mencionar grandes estragos.

1347 - A peste negra surge na Europa, proveniente da colónia genovesa de Teodósia, na Crimeia. Os navios genoveses levaram a epidemia primeiro para Constantinopla (maio) e Messina em setembro. Em novembro Génova e Marselha já tinham sido atingidas.

1356 - Lisboa e toda a zona limítrofe é atingida por um terremoto.

1357 - O sudário de Turim é exibido pela primeira vez.
 - Pedro I torna-se rei de Portugal.

1360 - 12 de junho — Declaração de Cantanhede, na qual o rei Pedro I de Portugal declara ter casado com Inês de Castro.

1364 - O futuro rei João I de Portugal é feito Grão Mestre da Ordem de Aviz, quando tinha 6 anos.

1367 - 18 de janeiro - Fernando I de Portugal sucede a seu pai Pedro I de Portugal.

 - Início da dinastia Ming na China.

1369 - Coroação do rei Fernando I de Portugal.

1372 - 5 de janeiro - O rei Fernando I de Portugal faz doação da Vila de Torres Vedras a Dona Leonor Teles de Meneses com quem vai casar a 15 de maio no Mosteiro de Leça do Bailio.

1373 - fevereiro - Princesa Beatriz de Portugal, herdeira da coroa durante a Crise de 1383-1385.

1375 - Destruição do farol de Alexandria — uma das sete maravilhas do mundo antigo — durante um terremoto.

1380 - É fundada a Companhia das Naus, por D. Fernando I