Castelo da Lousã

Freguesia de Lousã

Castelo da Lousã
Distrito Coimbra
Concelho Lousã
Freguesia Lousã
Área 138,40 km²
Habitantes 17 604(2011)
Densidade 127,2 hab./km²
Gentílico Lousanense
Construção ( )
Reinado ( )
Estilo ( )
Conservação ( )

Documento régio, em 1160, alude-se à Lousã independentemente de Arouce, bem como a Vilarinho, o que prova que a bacia lousanense e a escarpa de Arouce com o seu castelo eram realidades distintas. Alvará de Licença de D. João III, de 23 de maio de 1537, para os moradores da Lousã fazerem o Bodo de São João. (original que se encontra no Arquivo Histórico da Biblioteca Municipal da Lousã.

A Lousã, na Idade Média, continuou a prosperar e, como tantas outras terras do reino, viu o seu velho foral confirmado em tempo de governo de D. Afonso II, conjunto de normas, privilégios e deveres que estariam em vigor até aos alvores do Mundo Moderno pois só em 1513 viria a ser revogado com a entrada a 25 de outubro desse ano, de nova carta dada por D. Manuel I.

Foram Senhores da Lousã: D. João Afonso, filho bastardo de D. Diniz; o príncipe D. Pedro, duque de Coimbra, cujas tropas junto de Serpins e Vilarinho se prepararam para dar combate ao exército do seu meio irmão, o duque de Bragança, D. Afonso; Pedro de Góis; Pedro Machado; Francisco Machado; D. Jorge, filho de D. João II e fundador da Casa Ducal de Aveiro, entre outros.

Momento difícil na vida dos habitantes da Lousã, desde há séculos habituados a uma vida pacífica, foi o das Invasões Francesas, no início do século XIX.

As perturbações fizeram-se sentir principalmente por altura da terceira invasão, em março de 1811, quando já se dava a retirada dos exércitos comandados por Massena. Esta retirada fazia-se pela estrada de Almeida, a estrada real que ligava a capital do reino a Espanha, e que passava pelas povoações de Miranda do Corvo, Foz de Arouce e Ponte da Mucela. Com o fito de recolher fundos, isto é, efetuar pilhagens, alguns destacamentos desviaram-se do caminho normal em Arneiro e, na Lousã e noutros lugares da Serra, saquearam e destruíram casas, celeiros, igrejas, enfim tudo aquilo com que deparavam.

Antecedentes

Brasão de Lousã

Desconhece-se o momento em que uma fortificação foi iniciada para a proteção da povoação de Arouce, cuja primeira referência documental remonta a 943, num contrato entre Zuleima Abaiud, um moçárabe, e o abade Mestúlio do Mosteiro de Lorvão, onde se menciona o topônimo Arauz.

De acordo com uma lenda antiga, na época da ocupação muçulmana o castelo terá sido erguido pelo emir (chefe árabe) Arunce, para a proteção de sua filha Peralta e dos seus tesouros após derrotado e expulso de Conimbriga.

O território de Arouce, cujo Castelo já era mencionado no Foral de Miranda do Corvo (1136), é contemplado por D. Afonso Henriques com um Foral em 1151.

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

Admite-se que a edificação (ou reedificação) do Castelo de Arouce remonta para a segunda metade do século XI, quando a povoação foi pacificamente ocupada pelo conde Sesnando Davides, governador da circunscrição conimbricense, cujo mandato lhe foi outorgado por Fernando Magno, soberano que havia conquistado Coimbra aos mouros desde 1064, trazendo a Reconquista cristã da Península Ibérica até à região das serras da Estrela e da Lousã.

Conquistado pelos mouros durante a ofensiva de 1124, foi reocupado e reparado por D. Teresa de Leão. Com a independência de Portugal, passou a integrar a linha raiana do Mondego até 1147, quando da conquista de Santarém e de Lisboa pelas forças de D. Afonso Henriques (1112-1185), que a estendeu até ao Tejo. Nesse período, aqui vinha passar o Verão a sua esposa, a rainha D. Mafalda de Saboia, com a sua corte. Na Carta de Foral que este soberano concedeu a Miranda do Corvo (1136), faz alusão ao Castelo de Arouce, que viria a receber o próprio foral em 1151. Mais tarde, em 1160, um novo documento alude à Lousã, distinta de Arouce, o que demonstra que a antiga povoação romana voltara a ser ocupada com a pacificação da região, prosperando de tal forma que recebeu foral em 1207, sob o reinado de D. Afonso II (1211-1223).

Em algum momento do século XIV, foi erguida a torre de menagem do castelo. Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521) a Lousã recebeu Foral Novo (1513), época a partir da qual o castelo medieval passou a ser conhecido como Castelo da Lousã.

A Lousã e seus domínios foram senhorio dos duques de Aveiro até 1759, quando passaram para a Coroa portuguesa. A partir de então, a ação dos elementos, a dos séculos e a de vândalos em busca dos lendários tesouros de Arouce, causaram significativos danos ao monumento, inclusive ameaçando derruir a Torre de Menagem.

Do século XX aos nossos diasseta_baixoseta_cima

Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.

A intervenção do poder público iniciou-se em 1925, e depois em 1939, quando lhe foram procedidos trabalhos de conservação e reparação por parte da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Uma campanha mais extensa teve lugar entre 1942 e 1945, e, outras, pontuais, nos anos de 1950, 1956, 1964, 1971 e 1985. Esses trabalhos trouxeram-nos o monumento em bom estado de conservação, preservado numa paisagem florestal, que relembra os primórdios da nacionalidade.

Característicasseta_baixoseta_cima

De pequenas dimensões, apresenta planta no formato hexagonal irregular, nos estilos românico e gótico.

As muralhas, em alvenaria de xisto, são reforçadas por três cubelos (um a Sudoeste, e dois, menores a Oeste. Outros dois, semi-cilíndricos, flanqueiam o portão de entrada, a sudeste. Atravessando-se este, abre-se uma praça de armas com cerca 130 m². O topo das muralhas é percorrido por um adarve, defendido por merlões chanfrados.

Adossada à muralha, pelo lado norte, ergue-se a Torre de Menagem, com planta quadrangular, ameada. Nela se rasga uma porta em arco ogival, ao nível do adarve, com seteiras pelo lado oposto, e mais duas portas no pavimento superior, em cada uma das fachadas. É encimada por merlões chanfrados.

A lenda do Castelo de Arouceseta_baixoseta_cima

De acordo com uma antiga lenda, que muitos danos causou ao monumento, à época da ocupação muçulmana da Península Ibérica, o castelo foi erguido por Arunce, um emir ou chefe islâmico derrotado e expulso de Conímbriga, para a proteção de sua filha Peralta e seus tesouros, enquanto ele se deslocasse ao Norte de África em busca de reforços contra as forças cristãs que, cada vez mais, apertavam o cerco às terras muçulmanas.

Acontecimentos da época


1118 - Fundação da Ordem dos Templários

1119 - O Papa atribui definitivamente a Braga as dioceses de Coimbra e Viseu .

1121 - D. Afonso II entra em Portugal , em missão de soberania, no séquito da mãe, D. Urraca.

 - Invasão e saque de Portugal pelas tropas de D. Urraca , rainha do Reino de Leão e do Reino de Castela e de Diego Gelmírez , arcebispo de Compostela. Este facto foi de grande humilhação para D. Teresa, que teve de recuar e de se refugiar no Castelo de Lanhoso , onde acabou por se submeter a sua irmã D. Urraca.

1122 - D. Afonso Henriques, ainda infante, arma-se cavaleiro na Catedral de Samora.

1126 - Afonso VII de Castela torna-se Imperador de Castela e Leão, pela morte da sua mãe D. Urraca.

1127 - Cerco do Castelo de Guimarães.

 - Egas Moniz consegue que o exército leon ês, que cerca Guimarães, levante o asssédio, sob promessa de D. Afonso Henriques prestar a menagem exigida pelo imperador das Estronghas.

 - D. Afonso Henriques passa a controlar o Condado Portucalense.

 - Conquista por D. Afonso Henriques dos castelos de Neiva e Feira, na terra de Santa Maria, a sua mãe D. Teresa.

 - Acordo de Paz por tempo determinado entre D. Teresa, Fernão Peres de Trava e Afonso VII em Samora.

1128 - D. Teresa faz a primeira doação de que há notícia aos Templários: o castelo e a terra de Soure.

 - 24 de Junho - Na batalha de São Mamede Afonso Henriques vence a mãe, Teresa de Leão, e adquire o controlo do Condado Portucalense, declarando-o principado independente.

 - Confirmação do foral de Guimarães por D. Afonso Henriques.

1129 - Entrega, por D. Afonso Henriques aos Templários, do Castelo de Soure, que defendia a cidade de Coimbra das invasões sarracenas vindas do sul.