Freguesia da Póvoa de Lanhoso
Castelo de Lanhoso | |
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Distrito | Braga |
Concelho | Póvoa de Lanhoso |
Freguesia | Póvoa de Lanhoso |
Área | 5,62 km² |
Habitantes | 5 052 (2011)
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Densidade | 898,9 hab./km² |
Gentílico | Lanhosense ou Povoense |
Construção | ( ) |
Reinado | ( ) |
Estilo | Românico e Gótico |
Conservação | ( ) |
Estas terras são habitadas desde tempos imemoriais - pelo menos desde há três mil anos antes de Cristo. No acesso ao maior monólito de granito da Península Ibérica, no cimo do qual está situado o Castelo de Lanhoso, encontra-se um castro romanizado, que remonta à Idade do Cobre. O Castelo de Lanhoso tem um elevado valor histórico, sendo também o local onde as lendas dizem que D. Afonso Henriques prendeu a própria mãe, D.Teresa. O rei D. Dinis passou foral às Terras de Lanhoso em 25 de Setembro de 1292, e o foral foi renovado pelo rei D. Manuel I em 4 de Janeiro de 1514.
Se os vestígios da ocupação humana destas terras indicam cronologias de milhares de anos antes de Cristo, mercê da existência de testemunhos pré-históricos como é perceptível dos levantamentos arqueológicos realizados, onde abundam sítios de culturas megalíticas (18), do calcolítico e Idade do Bronze (4), povoados da Idade do Ferro (10), sendo inúmeras as dezenas de vestígios da presença romana e romanização destas terras. Os testemunhos do povoamento das terras de Lanhoso até à atualidade, crescem significativamente para cronologias posteriores, já da nossa Era.
De facto são inúmeros os vestígios e as referências documentais que fazem atestar a presença no que viriam a tornar-se as terras de Lanhoso, datando o primeiro documento conhecido relativo ao topónimo de 1086. É aliás em torno de uma das principais referências patrimoniais que a história das Terras de Lanhoso se vai construir, o Castelo de Lanhoso.
Na primavera de 1846 foi aqui que começou a revolução da Maria da Fonte. Partindo duma recusa em aceitar a nova lei de não enterrar os mortos dentro das igrejas, a sublevação conseguiu alastrar ao resto do país, mostrando o descontentamento do povo, e conseguindo provocar a mudança do governo.
A primitiva ocupação humana do sopé do monte onde o castelo se ergue remonta à pré-história, durante o período calcolítico, conforme atestado pela recente pesquisa arqueológica. Após a Invasão romana da Península Ibérica, vizinho da estrada que ligava Bracara Augusta (atual Braga), Aquae Flaviae (hoje Chaves) e Astorga pelo Sul do rio Cávado, aqui foi erguida uma torre militar.
Erguido no topo do Monte do Pilar - o maior monólito granítico do país -, isolado na divisa dos vales dos rios Ave e Cávado, dentro dos seus muros foi erguido um santuário seiscentista, utilizando a própria pedra das antigas muralhas. A meia encosta, no seu acesso, podem ser apreciados os vestígios de um antigo castro romanizado. A tradição refere que neste castelo se refugiou, por duas vezes, a condessa Teresa de Leão, mãe de D. Afonso Henriques (1112-1185).
Entre o século X e o século XI, a antiga fortificação romana encontrava-se reduzida aos seus alicerces. O arcebispo D. Pedro(I) de Braga (1071-1091), visando a defesa avançada da sede episcopal de Braga, determinou a construção do castelo, conforme placa epigráfica no silhar (a mais antiga em um castelo de Portugal), acompanhando os alicerces e o perímetro da primitiva fortificação.
Nesta defesa se refugiou Dna. Teresa de Leão, viúva do conde D. Henrique (1093-1112) e mãe de D. Afonso Henriques, quando foi atacada pelas forças de sua meia-irmã, D. Urraca, rainha de Leão. Aqui cercada pelas tropas de D. Urraca (1121), D. Teresa conseguiu negociar um acordo - o Tratado de Lanhoso – graças ao qual salvou a chefia do seu condado. Mais tarde, D. Teresa para lá retornou, segundo a tradição, detida por seu próprio filho após a Batalha de São Mamede (1128), o que é contestado pela moderna historiografia, que aponta ter esta senhora verdadeiramente falecido na Galiza (1130).
De qualquer modo, datará do final do século XII e o início do século XIII a reforma do castelo, com a construção da torre de menagem. O castelo era então o que se chamava de cabeça de terra, o que traduz a sua importância regional.
Nesse contexto, no século XIII, o castelo foi palco de um terrível crime passional: o seu alcaide, D.Rui Gonçalves de Pereira, tetravô do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que se encontrava fora do castelo, ao se inteirar da infidelidade conjugal de sua esposa, In ês Sanches, enamorada de um frade do mosteiro de Bouro, retornou e, fechando-lhe as portas, ordenou que se incendiasse a alcáçova, provocando com isso a morte da infiel e seu amante, bem como dos serviçais, que implicou como cúmplices por não terem denunciado o fato. Os antigos relatos referem que ninguém escapou com vida do incêndio, sequer os animais domésticos.
Posteriormente, em 1264, o alcaide D. Godinho Fafez, bisneto de Fafez Luz, senhor dos domínios de Lanhoso à época de D. Afonso Henriques, nomeou como seu sucessor Mem Cravo. Ao final do século, já sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), este soberano concedeu foral à vila de Póvoa de Lanhoso (25 de Setembro 1292), renovado sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521) (Foral Novo, 4 de Janeiro de 1514).
O castelo foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910. A intervenção do poder público iniciou-se a partir de 1938, quando a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) deu início a obras de consolidação e restauro, entre as quais trabalhos de prospeção arqueológica, limpeza, reconstituição dos dois cubelos ladeando o portão de entrada, do arco desse portão, da torre de menagem, de troços das muralhas, e ainda de uma estrada de acesso ao castelo e de beneficiações diversas no Santuário de Nossa Senhora do Pilar. Novas campanhas se sucederam, pelo mesmo órgão, em 1958-1959, em 1973 e em 1975-1976. Mais recentemente, a Câmara Municipal, com o apoio do Associação Adere-Lanhoso, procederam a trabalhos de limpeza e consolidação de estruturas, bem como a remodelação dos pisos interiores da torre, quando o castelo foi reaberto ao público (1996).
Atualmente, além do castelo medieval, que oferece uma pequena exposição com testemunhos do castro vizinho, o visitante pode conhecer ainda o Santuário de Nossa Senhora do Pilar e o Castro de Lanhoso.
Na cota máxima de 385 metros acima do nível do mar, o castelo apresenta planta hexagonal irregular, em estilo românico e gótico, rasgando-se nos seus muros a Sul, junto à Torre de Menagem, o portão de entrada, em arco quebrado, flanqueado por dois torreões de planta quadrangular, ameados. A muralha é percorrida por adarve protegido por um parapeito encimado por ameias piramidais, algumas das quais apresentam aberturas com troneiras.
Na cota mais elevada do terreno, a Leste, destaca-se a Torre de Menagem, com planta no formato quadrangular, erguida a partir dos primitivos alicerces romanos (três torreões equidistantes). As suas paredes, que se elevam a cerca de dez metros de altura, ultrapassam um metro de espessura. Uma escada de pedra prov ê a comunicação entre a porta da torre em arco quebrado, rasgada a três metros do solo, e a praça de armas, com uma área quadrangular de aproximadamente 500 metros quadrados, onde se erguiam a moradia do alcaide e demais depend ências, inclusive a cisterna.
Externamente, o conjunto é defendido por uma barbacã de planta aproximadamente elíptica, na qual se rasga, a norte, o portão de entrada, acedido por uma escadaria entalhada na rocha e flanqueado por um cubelo ameado. Um segundo cubelo ergue-se a leste.
Com o início da Idade Moderna, consolidadas as fronteiras do reino, o castelo perdeu progressivamente a sua importância estratégica, vindo a conhecer o abandono e a ruína. Esse processo seria acentuado a partir do final do século XVII, quando André da Silva Machado, um comerciante abastado do Porto decidiu erguer uma réplica do Santuário do Bom Jesus de Braga. Para esse fim, obteve autorização para demolir o antigo castelo e reaproveitar a pedra para edificar um santuário sob a invocação de Nossa Senhora do Pilar (1680). Iniciou-se assim o desmonte de parte da barbacã e das muralhas, edificando-se no interior do recinto uma igreja, a escadaria e as capelas de peregrinação: o Santuário de Nossa Senhora do Pilar.
As obras do santuário prosseguiam ainda em 1724, ao passo que Craesbeeck (Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726) descreve o estado de ruína do castelo, visão corroborada pelo reitor Paulo Antunes Alonso(Memórias Paroquiais, 1758), ao referir que dele restava apenas a Torre de Menagem, cujo cunhal sudoeste se apresentava danificado pela queda de um raio.
985 - Os viquingues noruegueses estabelecem-se na Groenlândia.
987 - Revolta do conde Gonçalo Mendes que adota o título de Grand-Duque de Portucal e revolta-se contra Bermudo II e é derrotado na batalha.
999 - Afonso
V de Leão e Castela é nomeado Rei de Leão.
1010 - Destruição da Igreja do Santo Sepulcro, em
Jerusalém, pelos drusos.
1016 - Invasores Normandos sobem ao longo do rio Minho e
destroem Tui, na Galiza.
1017 - Lisboa e grande parte do resto de Portugal é atingida por um
terramoto de grande intensidade, com as referências escritas da época que referem grandes
estragos.
1018 - O Algarve torna-se um condado dependente de Córdova.
1022 - Lisboa torna-se um condado independente de Córdova, mas é
posteriormente anexado a Badajoz.
1023 - Maomé III é nomeado
califa de Córdova no mesmo ano estendendo-se o califado até 1025.
1028 - Sucede a Afonso V, morto durante o cerco de Viseu, o seu filho Bermudo III, sob tutela
navarra.
- Mendo Nunes recebe o título de 6º
conde de Portucale estendendo-se o seu governo até 1050.
1033 - Mértola
torna-se num reino dependente do Reino de Córdova.
1035 - Fernando I, o Grande, coroado rei de Castela.
- Haroldo I coroado rei de Inglaterra.
1050 - Nuno
Mendes recebe o título de 7º Conde de Portucale e último na linha de sucessão da Casa
de Vímara
Peres.
1051 - O reino do Algarve é anexado ao reino de Sevilha.
1054 - 4
de Julho - Astrónomos chineses registam a explosão de uma supernova.
1057 - Fernando I de Leão e Castela conquista Lamego, Viseu e Seia
1077 - Início da construção da catedral em Santiago de Compostela.
1078 - É iniciada a construção da Torre de Londres por Guilherme, o
Conquistador.
1080 - O bispado de Coimbra é restabelecido com Patereno como bispo.
1082 - São Teotónio, religioso português, tendo sido canonizado pela Igreja
Católica (m. 1162).
1085 - A Ordem de
Cluny instala-se em Portucale.
1089 - Sagração da nova Sé de Braga pelo arcebispo
Bernardo de Toledo, primaz de toda a Península Ibérica.
1093 - O rei de Badajoz entrega a Afonso VI as cidades de Santarém e
Lisboa-Sintra.