Concelho de Vila Nova de Gaia
Castelo de Gaia | |
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Distrito | Porto |
Concelho | Vila Nova de Gaia |
Freguesia | ( ) |
Área | 168,46 km² |
Habitantes | 301 496 (2015)
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Densidade | 1 789,5 hab./km² |
Gentílico | Gaiense |
Construção | ( ) |
Reinado | ( ) |
Estilo | ( ) |
Conservação | ( ) |
A origem da cidade e da humanidade de Vila Nova de Gaia remonta, provavelmente, a um castro celta. Quando integrada no Império Romano, tomou o nome Cale (ou Gale, uma vez que no Latim Clássico não há uma distinção clara entre as letras e o som "g" e "c"). Este nome é, com grande probabilidade de origem Céltica, um desenvolvimento de "Gall-", com a qual os Celtas se referiam a eles próprios (outros exemplos podem ser encontrados em "Galicia", "Gaul", "Galway"). O próprio rio Douro (Durus em latim), é igualmente celta, construído a partir do Celta "dwr", que significa água. Durante os tempos romanos, a grande maioria da população viveria na margem sul do Douro, situando-se a norte uma pequena comunidade em torno do porto de águas fundas, no local onde se situa agora a zona ribeirinha do Porto. O nome da cidade do Porto, posteriormente, "Portus Cale", significaria o Porto ("portus" em latim) da cidade de Gaia. Com o desenvolvimento como centro de trocas comerciais, a margem norte acabou por também crescer em importância, tendo-se aí estabelecido o clero e burgueses.
Com as invasões mouras do século VII D.C., a fronteira "de facto" entre o estado árabe e cristão acabou por se estabelecer por um longo período de tempo no rio Douro, por volta do ano 1000. Com os constantes ataques e contra-ataques, a cidade de Cale, ou Gaia, perdeu a sua população, que se refugiou na margem norte do Rio Douro. Uma das lendas mais associadas a Gaia refere-se ao confronto entre o rei cristão D. Ramiro, e o rei mouro Albazoer, despoletado por pretensões amorosas. Após a conquista e pacificação dos territórios a sul do Douro, por volta de 1035, com o êxodo e expulsão das populações Muçulmanas, deixando terras férteis abandonadas, os colonos estabeleceram-se novamente em Gaia, em troca por melhores contratos feudais, com os novos senhores das terras conquistadas. Esta nova população refundou a antiga cidade de Cale com o nome de Gaia em torno do castelo e ruínas da velha "Gaia".
O nome das duas cidades de Porto e Gaia era frequentemente referida em documentos contemporâneos como "villa de Portucale", e o condado do Reino de Leão em torno da cidade denominado Portucalense. Este condado esteve na origem do posterior reino de Portugal.
Após a fundação do reino de Portugal, as duas povoações - Gaia e a Vila Nova - mantiveram-se autónomas. Gaia recebeu carta de foral passada pelo rei D. Afonso III em 1255 seguindo-se Vila Nova, por D. Dinis, em 1288.
O castelo foi conquistado pelo príncipe D. Afonso, filho de D. Dinis, em 4 de Janeiro de 1322. Poucos anos mais tarde, o príncipe D. Pedro, ao saber que seu pai, D. Afonso IV, tinha autorizado a morte de D. Inês de Castro, entrou em guerra aberta contra o pai e saqueou a região do Entre-Douro-e-Minho (1355-1357), tendo também se apoderado de Gaia e seu castelo. Data deste período o primeiro alcaide conhecido do castelo, Rodrigo Anes de Sá, nomeado por D. Pedro, já rei, em 29 de Julho de 1357.
Nesse período, o castelo sofreu obras de reparação ou reforço, uma vez que, em 1366, o abade do mosteiro de Pedroso forneceu vinte carros de lenha para o Castelo de Gaia, também tendo sido cedidos pela mesma instituição carros e bois para esses trabalhos.
Ainda nesse século, em 1383, ambas as povoações foram integradas no julgado do Porto, perdendo a sua autonomia. Talvez por esse motivo, em 1385 os cidadãos portuenses, a pretexto de desacordos com o alcaide Aires Gomes de Sá, assaltaram o castelo e o danificaram de tal modo que o mesmo deixou de ter alcaide. Essas informações são confirmadas pela crónica de João de Barros, que sob o reinado de D. João III, sobre o castelo registou:
Por esta época, existiam, junto ao castelo, diversos templos: a capela de São Marcos, que a tradição considera ter sido a primeira Sé, a capela de Nossa Senhora do Castelo, a capela de Nossa Senhora da Piedade e a capela de São Lourenço mártir.
O castelo é mencionado ainda no Foral Novo de Vila Nova de Gaia, passado por D. Manuel I, que refere: "Pello caseyro do castelo de Gaya setecentos reaaes."
No século XIX, a cidade esteve no centro de batalhas significativas tanto na Guerra Peninsular como na Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando uma vez mais o Douro marcou a fronteira entre os beligerantes. Data deste segundo conflito o desaparecimento do que restava do antigo castelo de Gaia.
Tendo as forças de Miguel I de Portugal se fortificado no local, montando aí uma bateria, dela fizeram fogo sobre o Palácio dos Carrancas onde D. Pedro tinha estabelecido o seu quartel-general. D. Pedro, bombardeado no seu próprio quarto, mudou-se para Cedofeita, e no dia seguinte, em sua visita de rotina às linhas, dirigiu-se à chamada Bateria das Virtudes (onde hoje se encontra o SAOM) com cujo fogo desfez o reduto do Castelo de Gaia. O que restava do antigo castelo desapareceu na ocasião (c. 1833), tendo sido o seu terreno vendido pelo Estado.
Um de seus novos proprietários ali ergueu um grande edifício, que foi legado por um de seus herdeiros à Santa Casa da Misericórdia do Porto para que nele fosse instalado um asilo de cegos pobres e abandonados: o Asilo dos Cegos, na atual ladeira do Castelo.
De acordo com uma antiga lenda, que se afirma remontar ao século X, o rei Ramiro II de Leão apaixonou-se por uma bela moura, irmã do emir Alboazer Alboçadam, cujos domínios se estendiam de Gaia até Santarém. Apesar de já ser casado, Ramiro imaginou que seria fácil obter da Igreja a anulação do seu casamento dado o laço de parentesco que o unia à sua esposa, D. Aldora. Desse modo, sob influência dessa paixão e pretendendo pedir a sua amada em casamento, Ramiro decidiu firmar a paz com Alboazer, sendo recebido no castelo deste, em Gaia.
Entretanto, Alboazer recusou o pedido terminantemente: jamais daria a mão da irmã em casamento a um cristão e, de todas as formas, ela já havia sido prometida ao rei de Marrocos...
Ramiro, vexado, aparentou aceitar a recusa e retirou-se. Entretanto, com o auxílio de um astrólogo mouro, Amã, a quem pediu que estudasse os astros para estabelecer a data propícia, levou a cabo, em segredo, o rapto da moura. Alboazer, ao dar falta da irmã, compreendeu o que acontecera e partiu imediatamente em seu encalço, logrando alcançar os raptores a embarcar no cais de Gaia. No combate que então se feriu, a sorte das armas, entretanto, foi favorável aos cristãos, tendo a moura sido levada para o reino de Leão, onde recebeu o batismo quando recebeu o nome de Artiga, que tanto significava "castigada e ensinada" como "dotada de todos os bens".
Alboazer, para se vingar, raptou a seu turno a esposa legítima do rei Ramiro, D. Aldora, juntamente com todo o seu séquito. Quando o rei Ramiro soube do rapto ficou louco de raiva e, juntamente com o seu filho D. Ordonho e alguns vassalos, zarpou de barco para Gaia. Aí chegados Ramiro disfarçou-se de pedinte e dirigiu-se a uma fonte onde encontrou uma das aias de D. Aldora, e a quem pediu um pouco de água, aproveitando para, dissimuladamente, deitar na bilha da água meio camafeu, do qual a rainha possuía a outra metade. Reconhecendo a jóia, D. Aldora mandou buscar o rei disfarçado de pedinte e, como castigo pela infidelidade dele, entregou-o a Alboazer.
Sentindo-se perdido, o rei Ramiro pediu a Alboazer uma execução pública, esperando, com astúcia, ganhar tempo para poder avisar o seu filho através do toque do seu corno de caça. Ao ouvir o sinal combinado, D. Ordonho acorreu com os seus homens ao castelo e juntos mataram Alboazer e as suas gentes, para além de arrasarem o castelo. Fazendo levar D. Aldora e as suas aias para o seu barco, o rei Ramiro atou uma mó de pedra ao pescoço da rainha e atirou-a ao mar num local que ficou a ser conhecido por Foz de Âncora.
A lenda conclui informando que Ramiro voltou para Leão onde finalmente se casou com a moura, de quem teve vasta descendência.
803 - Rutura entre Carlos
Magno como Imperador do Império Romano do
Ocidente e o
Império Romano do Oriente.
805 - O imperador de Bizâncio Nicéforo I sofre uma pesada derrota
na batalha contra os sarracenos em Crasus.
812 - Tratado de paz entre o Imperador Carlos Magno e Império mpério.
814 - Fim do Reinado de Carlos Magno.
822 - Abd
al-Rahman II é nomeado Califa de Córdova (822 a 852).
824 - Luís
I, o Piedoso, impõe a sua autoridade aos Estados papais.
- Batalha entre Abd-El-Raman III Califa de Córdova e o Conde Hermenegildo em Rio Tinto (Gondomar)
827 - Início da conquista da Sicília pelos Sarracenos.
833 - Aparição de Nossa Senhora da Abadia,
também conhecida por Nossa Senhora do Bouro.
- Luís I, o Piedoso ,
julgado, condenado e deposto pelos filhos.
839 - Expedição de Afonso II das Astúrias
à região de Viseu.
842 - Início do Reinado de Ramiro I das Astúrias
que alarga o reino asturiano a Navarra.
844 - Os Normados
atacam a Península
Ibérica com incursões a Lisboa, Beja e
Algarve.
845 - Cerco de Paris pelos normandos.
910 - Partilha do Reino das Astúrias entre os filhos de Afonso III de Leão, Garcia I
de Leão, Fruela II das Astúrias e Ordonho II da Galiza. Este último tem o apoio dos condes portucalenses.
913 - Expedição militar do rei Ordonho II da Galiza a Évora em que consegue
conquistar esta cidade aos Mouros.
925 - O rei Ramiro II de Leão torna-se vassalo do Reino da
Galiza.
- O rei Ramiro II estabelece residência em Viseu.
927 - Após um longo processo de anexações, os vários pequenos reinos dentro
do que está agora a Inglaterra são unificadas pelo rei Etelstano, criando o Reino
da Inglaterra.
928 - Gonçalo Moniz recebe o título de Conde de Coimbra.
930 - Fundação do parlamento da Islândia, o primeiro da história.
938 - Primeiro documento em que o termo «Portugal» aparece em vez
do termo «Portucal», referindo-se à região.
950 - A Condessa Mumadona Dias,
viúva do conde Hermenegildo Gonçalves, reparte os territórios pelos
filhos, repartindo assim Terra Portugalense.
953 - Fundação de Guimarães.