Freguesia de Ourique
Castelo de Cola | |
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Distrito | Beja |
Concelho | Ourique |
Freguesia | Ourique |
Área | 249,54 km² |
Habitantes | 2 874 (2011)
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Densidade | 11,5 hab./km² |
Gentílico | Ouriquense |
Construção | Idade do Bronze |
Reinado | ( ) |
Estilo | ( ) |
Conservação | ( ) |
A fundação de Ourique data de 711, ano da entrada dos muçulmanos na Península Ibérica. Contudo, vários fatores apontam para uma existência mais recuada.
São conhecidos diversos assentamentos populacionais desde os tempos pré-históricos, locais documentados por diversas campanhas arqueológicas. Desde o Paleolítico, Calcolítico, Idade do Ferro e do Bronze, um grande número de povos se cruzaram nestas terras, devido às presenças proto-históricas, romanas, celtas e árabes.
Quanto à origem do topónimo Ourique, este pode ter origem nas palavras Ouro (pela proximidade com explorações auríferas) e Orik (palavra árabe que significa desgraça ou infortúnio, no seguimento da derrota mourisca na Batalha de Ourique).
Dever-se-á também, aos muçulmanos, a edificação do castelo de Ourique, estrutura militar lendária que ainda hoje preenche memórias. Este castelo terá, muito provavelmente, alternado várias vezes entre o Crescente e a Cruz, consoante a sorte de armas. Nos tempos da reconquista teria um papel essencialmente de atalaia defensiva, tendo como guarda avançada o Castro da Cola.
Em 8 de janeiro de 1290, e estando o rei D. Dinis em Beja, foi concedida carta de foral a Ourique que permitiu a sua elevação a vila, algo que significou a emancipação da localidade. Mais tarde torna-se também cabeça de comarca, passando a ter a jurisdição de muitos concelhos limítrofes.
D. Manuel I atribui novo foral a Ourique em 20 de setembro de 1510, confirmando os privilégios dados por D. Dinis.
No primeiro recenseamento da população portuguesa, em 1527, Ourique e o seu termo tinham 582 habitantes, o que fazia desta vila uma das mais povoadas de Além-Tejo.
Segundo o historiador José Leite de Vasconcelos, as ruínas da Cola pertenciam a um castro anterior ao período romano, talvez dos finais do Neolítico ou dos princípios do Calcolítico, devido aos vestígios encontrados no local. Os vestígios encontrados no local permitiram uma posterior identificação cronológica nas idades do cobre, bronze e ferro. Um dos principais motivos para a contínua ocupação do sítio foi a sua localização, que facilitava a defesa, estando situado no alto de uma colina rodeada quase totalmente por linhas de água, e ao mesmo tempo permitia a vigilância de uma das principais vias de comunicação na região, uma vez que estava sobranceiro ao Rio Mira. Por outro lado, estava situado numa zona rica em minério de cobre e de terrenos férteis, e tinha comunicações fáceis devido à presença do rio. O castro foi depois utilizado durante o domínio romano e cristianizado, segundo um processo de adaptação da religião pagã à cristã. Foi ocupada por fenícios ou cartagineses, sendo os vestígios relativos ao período Romano insuficientes para permitir uma conclusão.
Na alta Idade Média, são significativos os testemunhos do período muçulmano, a partir do século VIII, que indicam uma comunidade significativa, baseada na atividade agrícola e pecuária, onde a tecelagem tinha importante papel. Data deste período, ou do subsequente, cristão, o primitivo complexo defensivo, integrado por uma fortificação principal e defesas secundárias. A ocupação muçulmana foi comprovada pela presença de espólio daquele período, especialmente cerâmicas. Assim, o hisn ou pequeno castelo de Cola passou a fazer parte de um conjunto de fortificações islâmicas, que protegia as fronteiras marítimas e terrestres.
Essas pesquisas vêm de encontro à suposição aceite de que, quando da ocupação muçulmana a primitiva defesa da povoação deu lugar a um pequeno castelo, que, à época da Reconquista cristã da península, passou para as mãos dos portugueses durante o reinado de D. Afonso III (1248-1279). Este soberano teria ordenado reparos nas suas muralhas.
O Castelo de Cola foi ocupado até ao Século XV, tendo sido avançada a teoria que seria a capital do antigo concelho de Marachique, que faria parte da região dominada por Silves. Com efeito, existem dois sítios nas proximidades com nomes semelhantes, Marchicão e Marchica, que podem permitir uma identificação do Castelo de Cola como Mardjiq, povoação que teria sido conquistada pelas forças de Al-Mundhir e Ibn Wasir, antes de terem conquistado a cidade de Beja.
As ruínas do Castro da Cola já são conhecidas pelos historiadores há cerca de meio milénio, tendo sido referidas por André de Resende, Manuel do Cenáculo, Gabriel Pereira e Estácio da Veiga. Em 1897, o sítio foi investigado por José Leite de Vasconcelos, durante uma excursão à região do Baixo Alentejo.
No seu livro Antiguidades Monumentaes do Algarve: Tempos Prehistoricos, publicada em 1891, Estácio da Veiga incluiu um texto de Gabriel de Pereira, da obra Notas de Archeologia de 1879, onde referiu que o sítio da Colla tinha sido visitado em 1573 por André de Resende e pelo rei D. sebastião, e cerca de dois séculos depois por Frei Manuel do Cenáculo. Este religioso elaborou um mapa que foi depois reproduzido por Estácio da Veiga, e descreveu o Castelo de Cola na sua obra Cuidados litterarios do prelado de Beja em graça do seu bispado, de 1791: «Uma legua de Castro para o Sul, em montanha difficil, no sitio de S. Pedro das Cabeças ha signaes de fortaleza... e d'outras, uma dos Reis, outra das Juntas; A da Senhora da Colla tem mais de 800 passos em circuito, em uma iminencia impraticavel por todos os lados, ficando n'um delles a juncção de duas ribeiras (Odemira, Mariscão). Nos cabeços dos outeiros que a cercam por dois lados ha vestigios de fortins que eram uma especie de reductos, e atalaias, que avisavam, e dificultavam o passo, dispostos de quarto em quarto de legoa e menos. A idéia que hoje se póde formar d'aquelles restos, então mão propria os não sonda, e nós podermos avançar as excavações, é de juizo incerto a muitos respeitos: podem ser de romanos, mouros e porventura dos lusitanos velhos que viviam «more spartiano», como diz Strabão. As muralhas têem 12 palmos de largura, sem a liga vitruviana; em parte são formadas de lages sobrepostas seccamente. A fortaleza da Colla tem como no centro uma cisterna antiga: a cerca consiste em simples cortina da qual sae de espaço a espaço uma obra angular de mui pequena extensão, e talvez seriam seus bastiões. Ha mais dois espaços e intervallos divididos por dois antemuraes, sem obra alguma reintrante capaz de fazer enganos, mas tal qual lhes serviria em vez de revelim ou meia lua. Os pequenos corpos angulares póde ser que servissem para flanquearem as torres de arremesso. Não apparecem vestigios de ter havido torres, e eram escusadas, porque estando as fortalezas a cavaleiro, ganhavam quaesquer elevações de terra... na margem de uma das ribeiras estão por longo espaço as sepulturas; na encosta da montanha achámos seis sepulturas, e algumas de 25 palmos em quadro. Cenaculo afirma que viu um capitel e várias lápides sepulcrais com caracteres fenícios ou turdetanos, e estoques longos em aço ou bronze já bastante calcinado, sem gume, com punhos pouco engrossados e com virotes chatos e engrossados.
Este sítio arqueológico encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910. O arqueólogo Abel Viana foi o pioneiro no seu estudo sistematizado, com base nas lendas locais que referiam um tesouro da "moura encantada". As pesquisas arqueológicas que iniciou em 1958 foram suspensas pelo seu falecimento em 1964.
Em 30 de Janeiro de 2019, foi publicado o decreto-lei 22/2019, que transferiu as responsabilidades pela gestão e conservação de vários monumentos do governo para as autarquias locais, incluindo o Castro da Cola, que foi passado para o município de Ourique. Em Abril de 2019, foi lançada a obra VII Cadernos Culturais d’Ourique, que inclui o artigo Marachique/Castro da Cola, no final do Período Islâmico: Reflexões sobre a sua Muṣallā, de António Rafael Carvalho.
Junto às ruínas foi construído o Santuário do Castro da Cola, dedicado a Nossa Senhora da Cola, ao qual se organizam regularmente romarias. Segundo uma lenda popular, foi no local do santuário que surgiu uma imagem da Nossa Senhora da Cola. Os habitantes construíram uma ermida noutro sítio, onde guardaram a imagem, embora ela voltasse sozinha para o local onde foi encontrada, e quando se fazia uma romaria para fazer regressar a imagem à nova ermida, estava aumentava tanto o seu peso durante o caminho que forçava os carregadores a voltarem para trás. Segundo José Leite de Vasconcelos, esta lenda é semelhante a outras que tinha registado, algumas delas já muito antigas.
Uma outra lenda associada ao local é que durante o período mouro ouvia-se tocar um sino durante a manhã, no Dia de São João, dando à colina o nome popular de Fonte do Moinho do Sino ou Pego do Sino. Uma terceira crença popular ligada à colina do Castro da Cola é de que as mulheres que escorregassem numa laje natural perto de um dos barrancos, denominada de pedra escorregadia teriam mais sucesso durante um parto. Devido a esta lenda, era habitual ver-se os habitantes locais a escorregarem pela laje em dias de festa, tendo José Leite de Vasconcelos referido que já se tinha formado um grande sulco na pedra. Segundo o investigador, lendas semelhantes a esta foram encontradas noutros pontos do território nacional e em França.
803 - Rutura entre Carlos Magno como Imperador do Império Romano do
Ocidente e o
Império Romano do Oriente.
805 - O imperador de Bizâncio Nicéforo I sofre uma pesada derrota
na batalha contra os sarracenos em Crasus.
811 - Batalha de Virbitza entre o Clã Búlgaro Kroum e o Império Bizantino.
812 - Tratado de paz entre o Imperador Carlos Magno e Império mpério.
814 - Fim do Reinado de Carlos Magno.
822 - Abd
al-Rahman II é nomeado Califa de Córdova (822 a 852).
824 - Luís
I, o Piedoso, impõe a sua autoridade aos Estados papais.
- Batalha entre Abd-El-Raman III Califa de Córdova e o Conde Hermenegildo em Rio Tinto (Gondomar)
827 - Início da conquista da Sicília pelos Sarracenos.
833 - Aparição de Nossa Senhora da Abadia,
também conhecida por Nossa Senhora do Bouro.
- Luís I,
o Piedoso , julgado, condenado e deposto pelos filhos.
839 - Expedição de Afonso II das Astúrias
à região de Viseu.
842 - Início do Reinado de Ramiro I das Astúrias
que alarga o reino asturiano a Navarra.
- Juramento de Estrasburgo:
primeiro texto em francês e em alemão.
844 - Os Normados
atacam a Península
Ibérica com incursões a Lisboa, Beja e
Algarve.
845 - Cerco de Paris pelos normandos.
- Destruição de Hamburgo pelos dinamarqueses.
- Início das perseguições ao budismo na China.
905 - O astrônomo persa Azofi descobre a Galáxia de Andrômeda.
910 - Partilha do Reino das Astúrias entre os filhos de Afonso III de Leão, Garcia I
de Leão, Fruela II das Astúrias e Ordonho II da Galiza. Este último tem o apoio dos condes portucalenses.
913 - Expedição militar do rei Ordonho II da Galiza a Évora em que consegue
conquistar esta cidade aos Mouros.
925 - O rei Ramiro II de Leão torna-se vassalo do Reino da
Galiza.
- O rei Ramiro II estabelece residência em Viseu.
927 - Após um longo processo de anexações, os vários pequenos reinos dentro
do que está agora a Inglaterra são unificadas pelo rei Etelstano, criando o Reino
da Inglaterra.
928 - Gonçalo Moniz recebe o título de Conde de Coimbra.