Santa Maria Maior
Castelo de Chaves | |
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Distrito | Vila Real |
Concelho | Chaves |
Freguesia | Santa Maria Maior |
Área | 5,63 km² |
Habitantes | 12 000 (2011)
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Densidade | 2 131,4 hab./km² |
Gentílico | Flaviense |
Construção | Século IX |
Reinado | Afonso III das Astúrias |
Estilo | Românico |
Conservação | Boa |
Os vestígios presentes na região de Chaves, legados da Pré-História, levam a admitir a existência de atividade humana no Paleolítico. São em grande quantidade os achados provenientes do Neolítico, do de Mairos, Pastoria e de S.Lourenço, dentre outros locais, e das civilizações proto-históricas, nomeadamente nos múltiplos castros situados no alto dos montes que envolvem toda a região do Alto Tâmega. As legiões romanas que, há dois milénios, conquistaram aquelas terras instalaram-se de essencialmente no vale fértil do Tâmega, exatamente onde hoje se ergue a cidade e, construíram fortificações pela periferia, aproveitando alguns dos castros existentes.
À época da invasão romana da Península Ibérica, os romanos instalaram-se no vale do rio Tâmega, onde hoje se ergue a cidade e, construíram fortificações pela periferia, aproveitando alguns dos castros existentes. Para defesa do aglomerado populacional foram erguidas muralhas e, para a travessia do rio, construíram a ponte de Trajano. Fomentaram o uso das águas quentes mínero-medicinais, implantando balneários Termais, exploraram minérios, com destaque para filões auríferos, e outros recursos naturais. Acredita-se que a ponte de Trajano foi construída com o auxílio dos legionários da Sétima Legião (Legio VII Gemina Felix).
Tal era a importância desse núcleo urbano, que foi elevado à categoria de Município no ano 79 d.C. quando dominava Tito Flávio Vespasiano, o primeiro César da família Flávia. Daqui advém a antiga designação Aquae Flaviae da actual cidade de Chaves, bem como o seu gentílico — flaviense.
Calcula-se pelos vestígios encontrados que o núcleo e centro cívico da cidade se situava no alto envolvente da área hoje ocupada pela Igreja Matriz. Ainda hoje lembra a traça romana, com o Fórum, o Capitólio e o Decúmanus, que seria a rua Direita. Foi nessa área que foram e ainda são (2006) encontrados os mais relevantes vestígios arqueológicos, expostos no Museu da Região Flaviense, como o caso de uma lápide alusiva a um combate de gladiadores.
A primitiva ocupação humana da região remonta à pré-história, conforme os testemunhos arqueológicos ali abundantes. Certamente remontando a um castro pré-romano, à época da Invasão romana da Península Ibérica a atual Chaves foi importante centro urbano conforme também o testemunham os vestígios arqueológicos. Para unir as duas margens do rio, cortado pela estrada romana que unia Bracara Augusta (atual Braga) e Asturica Augusta ( Astorga, hoje na Espanha), foi erguida a Ponte de Trajano, datada do século I. Acredita-se que também dataria deste período a primeira muralha envolvendo a povoação, circunscrita ao centro histórico da atual cidade, onde foi erguida a Igreja Matriz.
A partir do século III a cidade foi palco das invasões de Suevos, destacando-se as lutas entre Remismundo e Frumário que, disputando o direito ao trono, acarretaram a quase total destruição da povoação ( 411), culminando com a vitória de Frumário e a prisão do bispo Idácio de Chaves. Posteriormente se sucederiam Alanos e Visigodos até que, no início do século VIII, chegaram os Muçulmanos, vencendo Rodrigo, o último rei dos Visigodos ( 713). Os novos conquistadores terão reforçado a fortificação de Chaves, uma vez que choques entre mouros e cristãos se sucederam até ao século XI.
À época da Reconquista cristã da península Ibérica, Chaves foi inicialmente tomada aos mouros por Afonso III de Leão (866-910), que teria determinado uma reconstrução de suas defesas. Esta primitiva edificação do castelo é atribuída ao conde Odoário, no século IX. No primeiro quartel do século X, entretanto, Chaves voltou a cair no domínio mouro.
Afonso VI de Leão e Castela incluiu a povoação de Chaves no dote da princesa Teresa de Leão e Castela, quando a casou com o conde D. Henrique de Borgonha (1093), passando a integrar os domínios do Condado Portucalense. A tradição local refere, entretanto, que, por volta de 1160, os irmãos Rui e Garcia Lopes, cavaleiros de D. Afonso Henriques, conquistaram Chaves para a Coroa portuguesa. Por este feito, teriam sido recompensados pelo soberano com os domínios da povoação e seu castelo. Os corpos dos irmãos encontram-se sepultados na Igreja de Santa Maria Maior.
Por volta de 1221, Afonso IX de Leão e Castela, visando assegurar para a sua esposa, D. Teresa, infanta de Portugal, a posse dos castelos que o pai dela, Sancho I de Portugal (1185-1211) lhe legara em testamento, e que o irmão, Afonso II de Portugal lhe reivindicava, invadiu Portugal, conquistando Chaves. O domínio de Chaves só seria devolvido a Portugal entre o final de 1230 e o início de 1231, em virtude de negociações tratadas na vila do Sabugal (então leonesa), entre Sancho II de Portugal e Fernando III de Leão e Castela.
Embora tradicionalmente se afirme que Chaves foi o local das núpcias de Afonso III de Portugal (1248-1279) com a infanta D. Beatriz, filha ilegítima de Afonso X de Castela, na realidade o soberano dirigiu-se a Santo Estevão de Chaves ( 1253). Foi este soberano quem, determinando a reconstrução de suas defesas, outorgou o primeiro foral a Chaves, em 1258, com direitos idênticos aos de Samora, no reino de Leão. Data desta época, assim, o início da reconstrução do castelo com a ereção da torre de menagem, para o que contribuíram os moradores dos termos de Chaves e de Montenegro mediante o pagamento da anúduva. Alguns autores referem que a construção desta torre de menagem foi uma resposta à construção do Castelo de Monterey, no lado oposto da fronteira, no reino da Galiza. O seu sucessor, Dinis de Portugal (1279-1325), deu prosseguimento às obras, concluíndo a torre de menagem e a cerca da vila. Afonso IV de Portugal (1279-1325), por sua vez, confirmou o foral à vila (1350).
No contexto da crise de 1383-1385, a vila de Chaves tomou partido por D. Beatriz e D. João I de Castela. Após a batalha de Aljubarrota ( 1385), as forças do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, impuseram cerco ao castelo, que se estendeu de Janeiro a Abril de 1386, até à rendição de seu alcaide-mor, Martim Gonçalves de Ataíde. Em recompensa, D. João I de Portugal doou estes domínios ao Condestável, que os legou como dote a sua filha D. Beatriz, pelo casamento com D. Afonso, 1° duque de Bragança. Por este motivo, alguns autores também denominam o Castelo de Chaves como o Castelo do Duque de Bragança. Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortaleza 1509). Chaves recebeu o Foral Novo do soberano a Dezembro de 1514.
Da Guerra da Restauração aos nossos dias o castelo voltaria à ação durante a Guerra da Restauração, tendo-lhe sido modernizadas as defesas, adaptadas aos então modernos tiros de artilharia. Para esse fim, entre 1658 e 1662 foram reconstruídas as muralhas da vila, mais baixas, com traçado abaluartado, escavados fossos secos, colocadas estacas no Alto da Trindade, e erguidos o Revelim da Madalena e o Forte de São Francisco, sob a direção do Governador Militar, D. Rodrigo de Castro, conde de Mesquitela. Numa segunda etapa, entre 1664 e 1668 a estacaria do Alto da Trindade deu lugar ao Forte de São Neutel, sob a orientação do Governador Militar, General Andrade e Sousa. No contexto da Guerra Peninsular estas defesas voltariam a ser guarnecidas. Com a paz, as muralhas de Chaves foram sendo absorvidas pelo progresso urbano, conforme exemplificado na região da Porta do Anjo e na da Rua do Sol.
No século XX, Chaves foi elevada a cidade a 12 de Março de 1929, estando o seu castelo classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado desde 22 de Março de 1938. Ao final da década de 1950, a DGEMN iniciou uma série de intervenções de consolidação, limpeza, restauro e reconstrução das suas defesas. Os trabalhos prosseguiram por toda a década de 1960 e de 1970, culminando, em 1978, com a instalação de um museu histórico-militar nas dependências da torre de menagem do castelo medieval. Nele os visitantes encontram expostas armas, uniformes, bandeiras, desenhos e plantas, desde a Idade Média até à aos nossos dias. A década de 1980 foi marcada pela execução de diversos trabalhos de beneficiação e por pesquisa arqueológica nos jardins do castelo, a sul da torre de menagem (1985), ao passo que a da 1990 priorizou a requalificação dos espaços do Forte de São Francisco e do Forte de São Neutel.
Parte da muralha ruiu em 2001 devido ao mau tempo. Cerca de uma semana após concluída a reconstrução, o baluarte voltou a desmoronar. Apesar de estarem em causa 450 mil euros - valor das obras de reconstrução - o inquérito aberto pela Câmara Municipal não encontrou responsáveis. Empreiteiro, arquitetos, Câmara ou Instituto Português do Património Arquitetónico, que deu aval ao projeto, ninguém foi responsabilizado. O inquérito identificou como causas do desmoronamento o fato da recuperação não ter sido feita de cunhal a cunhal e de não se ter recuperado o espaço superior do baluarte, onde existiam pequenas hortas.
Um concurso para a nova reconstrução foi lançado em 2004 e as obras ficaram concluídas em 2007.
O conjunto é marcado pelo castelo medieval, em posição dominante sobre a cidade, com planta retangular compreendendo internamente a Torre de Menagem e, externamente, fortificações abaluartadas ao estilo Vauban.
Do castelo medieval sobreviveu apenas parte da muralha e a Torre de Menagem. Esta, apresenta planta quadrangular com as dimensões de doze metros de largura por cerca de vinte e oito metros de altura, dividida internamente em rés do chão (cisterna) e mais três pavimentos com teto em abóbada de berço. Em suas paredes de granito rasgam-se algumas seteiras, e no alçado a Leste, varandas de madeira. Coroada por merlões e ameias, nos vértices, pequenos balcões semicirculares são suportados por matacães. É acedida pelo primeiro pavimento, através de uma escada de pedra em ângulo, com guardas, também de pedra, e porta em arco de volta perfeita, com moldura torada, encimada por um brasão real com dezanove castelos.
A barbacã da torre, percorrida por adarve, apresenta, na fachada sudoeste, uma porta em arco de volta perfeita. Esta porta é defendida por um balcão retangular e saliente com matacães. Balcão semelhante pode ser observado na fachada noroeste, assim como um outro, de canto circular, no ângulo destas fachadas. O acesso ao adarve é feito pelo balcão com passadiço, a partir do segundo pavimento da torre. O conjunto encontra-se parcialmente envolvido por um jardim artístico, delimitado pelas muralhas.
803 - Rutura entre Carlos Magno como Imperador do Império Romano do
Ocidente e o
Império Romano do Oriente.
805 - O imperador de Bizâncio Nicéforo I sofre uma pesada derrota
na batalha contra os sarracenos em Crasus.
811 - Batalha de Virbitza entre o Clã Búlgaro Kroum e o Império Bizantino.
812 - Tratado de paz entre o Imperador Carlos Magno e Império mpério.
814 - Fim do Reinado de Carlos Magno.
822 - Abd
al-Rahman II é nomeado Califa de Córdova (822 a 852).
824 - Luís
I, o Piedoso, impõe a sua autoridade aos Estados papais.
- Batalha entre Abd-El-Raman III Califa de Córdova e o Conde Hermenegildo em Rio Tinto (Gondomar)
827 - Início da conquista da Sicília pelos Sarracenos.
833 - Aparição de Nossa Senhora da Abadia,
também conhecida por Nossa Senhora do Bouro.
- Luís I,
o Piedoso , julgado, condenado e deposto pelos filhos.
839 - Expedição de Afonso II das Astúrias
à região de Viseu.
842 - Início do Reinado de Ramiro I das Astúrias
que alarga o reino asturiano a Navarra.
- Juramento de Estrasburgo:
primeiro texto em francês e em alemão.
844 - Os Normados
atacam a Península
Ibérica com incursões a Lisboa, Beja e
Algarve.
845 - Cerco de Paris pelos normandos.
- Destruição de Hamburgo pelos dinamarqueses.
- Início das perseguições ao budismo na China.
905 - O astrônomo persa Azofi descobre a Galáxia de Andrômeda.
999 - Afonso V de Leão e Castela é nomeado Rei de Leão.
1010 - Destruição da Igreja do Santo Sepulcro, em
Jerusalém, pelos drusos.
1016 - Invasores Normandos sobem ao longo do rio Minho e
destroem Tui, na Galiza.
1017 - Lisboa e grande parte do resto de Portugal é atingida por um
terramoto de grande intensidade, com as referências escritas da época que referem grandes
estragos.
1018 - O Algarve torna-se um condado dependente de Córdova.
1022 - Lisboa torna-se um condado independente de Córdova, mas é
posteriormente anexado a Badajoz.
1023 - Maomé III é nomeado
califa de Córdova no mesmo ano estendendo-se o califado até 1025.
1028 - Sucede a Afonso V, morto durante o cerco de Viseu, o seu filho Bermudo III, sob tutela
navarra.
- Mendo Nunes recebe o título de 6º
conde de Portucale estendendo-se o seu governo até 1050.
1033 - Mértola
torna-se num reino dependente do Reino de Córdova.
1035 - Fernando I, o Grande, coroado rei de Castela.