Castelo de Caminha

Freguesia de Caminha

Castelo de Caminha
Distrito Viana do Castelo
Concelho Caminha
Freguesia Caminha
Área 136,52 km²
Habitantes 16 684(2011)
Densidade 122,2 hab./km²
Gentílico Caminhense
Construção ( )
Reinado ( )
Estilo ( )
Conservação ( )

O concelho é limitado a norte pelo rio Minho, a nascente pelos concelhos de Vila Nova de Cerveira e Ponte de Lima e a poente pelo Atlântico.

Póvoa marítima, medieval e fronteiriça, a vila que dá nome e é sede do concelho de Caminha remonta à época da Independência, e desenvolveu-se como porto de navegação de cabotagem até que os Descobrimentos originaram a decadência deste seu papel.

O concelho entrou então num modo de vida modesto, que só foi alterado no século XX, com a integração na rede viária do país e o desenvolvimento do turismo.

Na Idade Média, e na luta contra a pirataria moura, germinou em Caminha um núcleo de construção naval e navegação de cabotagem, abrindo as portas de um modo de vida dependente do mar. Do porto de Caminha partiram barcos para diversas partes da Europa.

Em 1284, D.Dinis concede-lhe foral, e, em 1392, D. João I fê-la porto franco. No reinado de D. Afonso V, a vila beneficiou de prerrogativas que lhe vieram dar um decisivo impulso para o desenvolvimento comercial. É ainda este rei quem, para a repovoar, a torna "couto de homiziados", para aqui enviando reclusos e criminosos. Esta medida é reforçada por D.Manuel I e, mais tarde por D.João III.

Em 1512, D. Manuel confirma o foral velho, e procede à reconstrução do forte da Ínsua. Durante a guerra da Restauração (1640), a vila tornou-se numa pequena praça de guerra. E na fase final das guerras entre liberais e absolutistas, Caminha, como boa parte das praças fortes do Norte, esteve em poder dos miguelistas.

Antecedentes

Brasão de Caminha

Acredita-se que a primitiva ocupação humana do seu sítio remonta à pré-história. À época da Invasão romana da Península Ibérica, foi dotada de uma fortificação, cujos alicerces datam dos séculos IV e V.

Em 1060 I. Magno de Leão designa Caminha como sede de um condado que denominou "Caput Mini" e cerca de meio século depois, Edereci localiza "um forte castelo em ilha a montante da foz do Minho" e outro "acima do precedente em terra firme e eminente". Isto mesmo se crê conformado nas Inquisitiones: "na colação de Sta. Maria de Caminha, em Vilarélio, se situa o velho castelo de Caminha" subordinado durante séculos à Sé de Tui.

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

Estas defesas foram ampliadas e reforçadas desde a Reconquista cristã da península, registrando-se o topónimo Caminha desde o século X, referindo-se, entretanto, ao espaço da atual freguesia de Vilarelho, a leste da atual Caminha, onde, no alto do Coto da Pena se identificam os vestígios do primitivo castelo, erguido entre os séculos X e XI. Com o progressivo aumento da segurança na costa, concomitante com o desenvolvimento das atividades econômicas, a povoação desenvolveu-se em direção à foz do rio Minho, em zona mais baixa, mais fértil e de acesso mais dinâmico ao mar.

No contexto das campanhas contra Castela, o seu povoamento e defesa foram incentivados sob os reinados de D. Afonso III (1248-1279), de D. Dinis (1279-1325) e de D. João I (1385-1433), devido ao valor estratégico que esta povoação lindeira representava para o reino.

Quando do encerramento da crise de 1383-1385, tendo a nobreza da região norte de Portugal tomado partido por Castela, os homens bons de Vila Nova de Cerveira, Caminha e Monção enviaram mensagens ao Condestável Nuno Álvares Pereira declarando-se verdadeiros portugueses, vindo a entregar-lhe voluntariamente essas povoações. É ao novo soberano, D. João I, que se atribui a dilatação da cerca, ficando a vila guarnecida por uma segunda cinta de muralhas.

Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509).

A fortaleza setecentistaseta_baixoseta_cima

Diante da Restauração da independência portuguesa, a posição lindeira de Caminha reaquiriu valor estratégico. Desse modo, o Conselho de Guerra de D. João IV (1640-1656) modernizou-lhe as defesas, dotando-a de uma extensa linha de baluartes e torreões:

  • a noroeste – com um novo baluarte junto da Igreja Matriz de Caminha; e
  • a sul – integrando as obras erguidas no reinado de D. João I.

Os trechos de muralhas que chegaram até nossos dias, parte da Idade Média e parte setecentistas, foram classificados como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 24 de Janeiro de 1967.

Característicasseta_baixoseta_cima

Os remanescentes das muralhas de Caminha evidenciam as características construtivas das fortificações romanas dos séculos IV e V, tendo sido ampliadas e reforçadas nos reinados de D. Afonso III, de D. Dinis e de D. João I.

A muralha medieval em redor da vila, de planta aproximadamente oval, era reforçada por dez cubelos. Nela se rasgavam três portas, cada uma defendida por uma torre que se lhes sobrepunha:

  • a Leste, a chamada Porta do Sol, comunicava com a zona ribeirinha e os estaleiros;
  • a Oeste, a chamada Porta do Mar, comunicava-se com o cais do porto;
  • a Sul, a chamada Porta de Viana, por onde se ia a Viana do Castelo, e que constituía o principal acesso da vila.

A torre que defendia esta última era mais robusta do conjunto, apresentando planta no formato quadrado, e que, na origem, se constituía na torre de menagem. Nela se inscrevia a pedra de armas (símbolo da autoridade régia) e se abrigava uma imagem sacra (símbolo da devoção popular). A partir do século XVII recebeu o relógio público da vila, passando a se denominar Torre do Relógio. O sino deste relógio foi fundido em 1610 e abriga-se na pirâmide que então passou encimar a torre. Com a Restauração, D. João IV fez colocar nesta porta uma imagem de pedra de Nossa Senhora da Conceição.

Acontecimentos da época


913 - Expedição militar do rei Ordonho II da Galiza a Évora em que consegue conquistar esta cidade aos Mouros.

925 - O rei Ramiro II de Leão torna-se vassalo do Reino da Galiza.

 - O rei Ramiro II estabelece residência em Viseu.

927 - Após um longo processo de anexações, os vários pequenos reinos dentro do que está agora a Inglaterra são unificadas pelo rei Etelstano, criando o Reino da Inglaterra.

928 - Gonçalo Moniz recebe o título de Conde de Coimbra.

930 - Fundação do parlamento da Islândia, o primeiro da história.

938 - Primeiro documento em que o termo «Portugal» aparece em vez do termo «Portucal», referindo-se à região.

950 - A Condessa Mumadona Dias, viúva do conde Hermenegildo Gonçalves, reparte os territórios pelos filhos, repartindo assim Terra Portugalense.

953 - Fundação de Guimarães.

955 - Os mouros retomam Coimbra e obrigam a retirada do exército cristão para lá do Rio Douro.

962 - Revolta do conde de Portucale, Gonçalo Mendes, contra Sancho I de Leão.

976 - Almançor protegido de Hixam II inicia uma campanha militar contra os Cristãos na Península Ibérica.

999 - Afonso V de Leão e Castela é nomeado Rei de Leão.

1010 - Destruição da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, pelos drusos.

1016 - Invasores Normandos sobem ao longo do rio Minho e destroem Tui, na Galiza.

1017 - Lisboa e grande parte do resto de Portugal é atingida por um terramoto de grande intensidade, com as referências escritas da época que referem grandes estragos.