Castelo de Alcobaça

Freguesia de Alcobaça

Castelo de Alcobaça
Distrito Leiria
Concelho Alcobaça
Freguesia Alcobaça
Área 3,38 km²
Habitantes 5 751(2011)
Densidade 1 701,5 hab./km²
Gentílico Alcobacense
Construção (c.650)
Reinado ( )
Estilo ( )
Conservação Ruínas

A área do actual concelho de Alcobaça foi habitada pelos Romanos, mas a denominação ficou-lhe dos Árabes, cuja ocupação denota uma era de progresso a julgar pelos numerosos topónimos das terras adjacentes que os recordam, tais como Alcobaça, Alfeizerão, Aljubarrota, Alpedriz e ainda outros topónimos.

Quando Alcobaça foi reconquistada, a localidade tinha acesso ao mar que perto formava a grande Lagoa da Pederneira que atingia Cós e permitia navegarem as embarcações que transportavam para o resto do País os frutos deliciosos produzidos na região graças à técnica introduzida pelos monges de Cister.

Afonso Henriques doou aos monges Cistercienses a 8 de Abril de 1153 as terras de Alcobaça, com a obrigação de as arrotearem; as doações feitas ao longo dos diversos reinados vieram a constituir um vastíssimo território - os Coutos de Alcobaça - que se extendia desde cerca de São Pedro de Moel a São Martinho do Porto e de Aljubarrota a Alvorninha, tendo o território atingido o seu máximo no reinado de D. Fernando I.

Os monges de Cister chegaram a ser senhores de 14 vilas, das quais 4 eram portos de mar: Alfeizerão, São Martinho do Porto, Pederneira e Paredes da Vitória.

Os monges de Alcobaça, além da sua actividade religiosa e cultural, desenvolveram uma acção colonizadora notável e perdurável, ensinando técnicas agrícolas e pondo em prática inovações experimentadas noutros mosteiros, graças às quais arrotearam terras, secaram pauis, introduziram culturas adequadas a cada terreno e organizaram explorações ou quintas, a que chamavam granjas, criando praticamente a partir do nada uma região agrícola que se manteve até aos nossos dias como uma das mais produtivas de Portugal. Joaquim Vieira Natividade refere os monges de Alcobaça como os monges-agrónomos.

Os concelhos de Alcobaça e Nazaré, bem como parte do norte do concelho de Caldas da Rainha, foram arroteados e administrados pelos monges alcobacenses. Este vasto território denominava-se os Coutos de Alcobaça.

Antecedentes

Brasão de Alcobaça

Há controvérsias entre os autores acerca da primitiva estrutura defensiva do local, atribuída ora à ocupação visigótica ora à muçulmana da qual uma torre albarrã é testemunha.

Localizado no centro litoral português, o território abrangido na actualidade pelo concelho de Alcobaça prima pela heterogeneidade geológica, geográfica e dos próprios recursos cinegéticos, razão pela qual se diferencia ao nível da estratégia de povoamento (MARQUES, 1994, pp. 11-19), desde a mais alta antiguidade humana, como atestam os inúmeros testemunhos arqueológicos (desde o Paleolítico até à Alta Idade Média) identificados até ao momento.

O castelo medievalseta_baixoseta_cima

Embora as lendas locais atribuam a construção do primitivo castelo aos Visigodos, outros autores atribuem a sua edificação aos Muçulmanos, que o terão edificado em posição dominante sobre a vila "(...) dado-lhe o nome de Alcácer-bem-el Abbaci, que era o de uma porta da cidade de Marrocos." (LARCHER, 1933:17).

À época da Reconquista cristã da Península Ibérica, as terras da região de Alcobaça foram tomadas pelas forças de D. Afonso Henriques (1112-1185) por volta de 1148, momento em que terão conquistado esse castelo. As terras foram doadas aos monges da Ordem de Cister em 1153 para que as povoassem e defendessem, ano em que foi fundado o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, formando os "Coutos de Alcobaça", sucessivamente acrescentados por doações régias e outras.

A região foi atacada pelos mouros em 1191 e 1195. Sancho I de Portugal (1185-1211) reconquistou a povoação e as suas terras, devolvendo-as aos monges de Cister. A carta de doação de 1191 reza:

"Em nome da Santa e Indivisa Trindade, (...). Eu, Sancho, por graça de Deus, rei de Portugal e do Algarve, e minha esposa, a rainha D. Dulce, juntamente com os nossos filhos e filhas, fazemos esta carta de doação e de perpétua segurança à casa de Alcobaça e a vós, D. Martinho, abade do mesmo lugar, e a todos os irmãos que aí vivem sob regra, daquele castelo chamado Abenabeci, que para honra de Deus vos damos e concedemos, para que o possuais perpetuamente, livre de toda a ação real e pacificamente, com todos os seus termos novos e antigos, até aos limites que possam ser tidos como verdadeiros por uma investigação feita por homens dignos do maior crédito e fé (...).
Feita esta carta de doação no mês de fevereiro de 1229 [1191 da era cristã].

O castelo, então abandonado e em ruínas, foi entretanto reconstruído pela Ordem, passando a integrar uma linha avançada da defesa de Lisboa, da qual faziam parte ainda o Castelo de Leiria, o Castelo de Pombal e o Castelo de Óbidos, por exemplo.

Com a paz, nestes domínios, os monges se dedicaram à vitivinicultura e à enologia, tornando-se uma referência gastronómica internacional nos séculos seguintes.

Por volta de 1369 o abade de Alcobaça, D. Frei João de Ornelas, procedeu o reforço da defesa do castelo erguendo uma barbacã, tendo-se ainda reedificado uma torre caída e o troço de muralhas voltado para o Mosteiro. Para custeio destas obras, foi lançada uma finta sobre os moradores.

No século XV, sob o reinado de João I de Portugal (1357-1433), o castelo foi severamente danificado pelo terramoto de 1422, tendo-lhe sido providenciados os reparos necessários no ano de 1424 (torre e muralhas). Um pouco mais tarde, o abade D. Frei Gonçalo Ferreira faz reconstruir a Torre de Menagem (1450).

No século XVII, no contexto da Dinastia Filipina têm lugar novas obras de reparo no castelo (1627). Nesta fase, a torre destacada a leste passa a ser utilizada como cadeia, função que desempenhará até ao terramoto de 1755, quando se arruinou.

Sendo a nomeação dos alcaides do castelo prerrogativa dos abades de Alcobaça, conhecemos que Geraldo Pereira Coutinho, lente de prima e cânones da Universidade de Coimbra foi nomeado como alcaide-mor do castelo, em 10 de Novembro de 1701.

Do século XIX aos nossos diasseta_baixoseta_cima

Na primeira metade do século XIX, no reinado de Maria II de Portugal (1826-1828; 1834-1853), já sem função estratégica ou defensiva, extinto o Mosteiro (1834), o castelo passou para a posse da Câmara Municipal de Alcobaça que determinou arrasá-lo (1838), utilizando-o como pedreira para novas construções em Alcobaça. O castelo foi considerado como extinto nas Atas da Câmara Municipal de (1854).

Em meados do século XX, abandonado e entulhado, procedeu-se o aproveitamento da sua cisterna para o depósito de água potável a ser distribuída à população (1940). Poucos anos mais tarde procedeu-se à reconstrução parcial da muralha voltada para o Mosteiro, a partir de uma descrição deixada pelo Frei Fortunato Boaventura (1952-1953), bem como a obras de limpeza do monumento e da sua área envolvente, incluindo-lhe os acessos, por ocasião da visita da rainha Isabel II do Reino Unido a Portugal, quando visitou Alcobaça (1956). Na década de 1960 novos reparos de pequena monta foram efetuados (1965).

Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto nº 95/78, publicado no Diário da República n.º 210, de 12 de Setembro de 1978.

Escavações arqueológicas realizadas no seu recinto num projeto de quatro anos iniciado em Agosto de 2002, com fundos municipais, buscavam elucidar questões relativas à época e autoria da fundação do castelo. Os trabalhos foram coordenados pelos arqueólogos Jorge António e Manuela Pereira, à frente de um grupo de voluntários e alguns trabalhadores da autarquia.

Característicasseta_baixoseta_cima

Na cota de 69 metros, o castelo apresenta planta irregular orgânica, nos estilos românico e gótico.

Subsistem os muros da primeira cerca, em cantaria de pedra calcária, reforçados por sete cubelos de planta quadrangular e mais um torreão destacado pelo lado oeste (torre de menagem), voltado para o Mosteiro. A leste, ergue-se uma torre albarrã, entre o recinto interno e a barbacã de planta ovalada, reforçada, no lado oeste, por quatro cubelos (dois de planta semicircular).

Acontecimentos da época

803 - Rutura entre Carlos Magno como Imperador do Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente.

805 - O imperador de Bizâncio Nicéforo I sofre uma pesada derrota na batalha contra os sarracenos em Crasus.

811 - Batalha de Virbitza entre o Clã Búlgaro Kroum e o Império Bizantino.

812 - Tratado de paz entre o Imperador Carlos Magno e Império mpério.

814 - Fim do Reinado de Carlos Magno.

822 - Abd al-Rahman II é nomeado Califa de Córdova (822 a 852).

824- Luís I, o Piedoso, impõe a sua autoridade aos Estados papais.

 - Batalha entre Abd-El-Raman III Califa de Córdova e o Conde Hermenegildo em Rio Tinto (Gondomar)

827 - Início da conquista da Sicília pelos Sarracenos.

833 - Aparição de Nossa Senhora da Abadia, também conhecida por Nossa Senhora do Bouro.

 - Luís I, o Piedoso , julgado, condenado e deposto pelos filhos.

839 - Expedição de Afonso II das Astúrias à região de Viseu.

987 - Revolta do conde Gonçalo Mendes que adota o título de Grand-Duque de Portucal e revolta-se contra Bermudo II e é derrotado na batalha.

1010 - Destruição da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, pelos drusos.

1016 - Invasores Normandos sobem ao longo do rio Minho e destroem Tui, na Galiza.

1017 - Lisboa e grande parte do resto de Portugal é atingida por um terramoto de grande intensidade, com as referências escritas da época que referem grandes estragos.

 - Um raro acontecimento matemático, um minuto palíndromo, no dia 11 de Novembro de 1111, às 11:11. O próximo minuto palíndromo só aconteceria no dia 20 de fevereiro de 2002, às 20:02 (11/11/1111 11:11 e 20/02/2002 20:02) e o próximo só acontecerá no dia 21 de dezembro de 2112 (21/12/2112 21:12).

1112 - Afonso Henriques herda do pai o Condado Portucalense, mas a mãe, Teresa de Leão, quem governa como regente.

 - Atribuição pelo Conde D. Henrique dos forais de Sátão, Soure, Tavares e Azurara da Beira, com o objetivo de reforçar os privilégios das comunidades locais e para as encorajar a participar na defesa do território cristão, então gravemente ameaçado pelos Almorávidas.

1113 - Restauração da diocese do Porto e sagração episcopal do arcediago Hugo, bispo do Porto, fiel clérigo do arcebispo Diego Gelmírez.